https://radarc.com.br / (Foto: Paula Ribeiro/Divulgação)
MAURÍCIO SIMIONATO
( São Paulo – Brasil )
O jornalista Maurício Simionato acaba de lançar seu terceiro livro de poesia. Depois de “Impermanência” (2012), “Sobre Auroras e Crepúsculos” (2017), o autor chega agora ao O AradO de OdarA (Uma distopia tropical) – uma escrita que se destaca como uma denúncia político-social, mas também pelo uso de recursos com imagens; onde elementos lúdicos caminham em harmonia com doses de realidade.
A publicação é da editora Patuá, com lançamento para este mês de maio (acesso ao livro pelo link: encurtador.com.br/loAR3).
Finalista do Prêmio Guarulhos de Literatura 2019 e do Prêmio Off Flip de Poesia em 2021, Mauricio é editor da revista digital ‘URRO – contragolpe cultural’. Além disso, desenvolve pesquisa sobre ruídos poéticos urbanos em Mestrado no LabJor/IEL, da Unicamp.
Nascido em Assis, no extremo Oeste de São Paulo mas residente em Campinas já há muitos anos, Maurício Simionato teve poemas publicados em diversas revistas especializadas em literatura e em mais de dez antologias poéticas.
Texto biográfico : https://horacampinas.com.br
ANTOLOGIA PATUÁ 10 ANOS + Patuscada/ Vários autores. Editor Eduardo Lacerda. Capa de Leonardo Mathias. São Paulo: Editora Patuá, 2021.; 288 p. 13,5 x 21 cm.
ISBN 978-65-5864-191-9 Ex. bibl. Salomão Sousa
Ar revolto
Os eucaliptos
Aplaudiam a noite
Porque esta lhe
Trazia o céu estrelado, às vezes.
E era por isso que desafiavam a gravidade.
Resvalavam folhas entre si
Para fazer ventar
A madrugada para debaixo das raízes
E na manhã seguinte,
Talvez eterna,
Faziam nascer novamente o ar revolto,
aos pés
Daquilo que os movia.
E o faziam sem ao menos
Saber o que é o amor
Assim, jamais se esqueceriam de ser
O que sempre foram.
Sabiam que o que lhes restava
era ser
E o faziam para desgravitacionar
A existência.
A dor da pedra
As águas de março
desta vez, passam como por lembrança de correntezas.
Inundam pulmões de ar escasso
Afogam seres para o reverso do um mundo dos vivos
Tudo isso fica para depois. Quem sabe?
A brisa da fina areia que grua no rosto à beira mar
Um cisco no olhar, que se refaz. A dor da pedra na encosta.
A linha do horizonte a nos trazer a primavera, enfim.
Não há mais verões que nos encerrem.
A bússola desnorteada rodopia nas mentes da multidão.
Línguas gastas silenciam falas.
Penso no esqueleto da folha em decomposição que me
destes nesta manhã.
Resgato a esperança que recomeça e se acaba a cada
mísero fim.
Avisto o caminho que se anuncia sem pressa a nos ver
passar.
Quantos outonos poderíamos ainda guardar dentro do
peito?
*
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Página publicada em dezembro de 2021
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